Tudo está cheio de filosofia
“Vamos tomar como exemplo o filme A Chegada (2016). A primeira coisa da qual ele fala é sobre a chegada de 12 naves alienígenas no planeta Terra. Então o filme é sobre extraterrestres? Não, mas para transmitir o assunto que ele quer falar ele usa como pano de fundo os ufos.”
Já falamos aqui sobre produções audiovisuais que nos apresentam um conteúdo nas entrelinhas, e que só é percebido quando analisado, hoje nossa proposta é um pouco maior: mostrar o quanto a filosofia faz parte da nossa vida. Você deve estar se perguntando o que audiovisual e filosofia tem em comum, mas acredite há mais em comum do que você imagina.
Vamos lá, quando você assiste a um filme normalmente espera que o conteúdo abordado seja aquele que o título ou a sinopse lhe disse, mas a maioria dos filmes tem um algo mais, outro assunto que pode aparecer de forma clara ou nas entrelinhas, mas que é o assunto principal do filme. Ao notarmos esse “algo a mais”, podemos nos debruçar em entender melhor o assunto por trás de toda produção audiovisual, e isso já nos levaria a não julgar as coisas como boas ou ruins, certas ou erradas, nos deixando abertos a novas experiências.
Mas e se além da quebra do pré-conceito estabelecido pelo título e da interpretação do assunto apresentado nas entrelinhas ainda houvesse algo mais? Mas é possível extrair ainda mais coisa de uma mesma produção? Sim, é possível, e podemos fazer isso através da filosofia.
É bom ter em mente que fazer filosofia não é simplesmente sair questionando todas as coisas que se vê pela frente, sem embasamento nenhum. A filosofia questiona as coisas de maneira sistemática e racional, sempre com um objetivo, não é um questionar por questionar. Portanto, se há um objetivo claro e definido, é possível, além de todas as coisas extraídas de um filme, conseguir também, fazer dele um objeto de estudo da filosofia.
Vamos tomar como exemplo o filme A Chegada (2016). A primeira coisa da qual ele fala é sobre a chegada de 12 naves alienígenas no planeta Terra. Então o filme é sobre extraterrestres? Não, mas para transmitir o assunto que ele quer falar ele usa como pano de fundo os ufos. Os alienígenas do filme tentam se comunicar e como ninguém consegue entender as mensagens chamam uma professora de linguística para tentar interpretar. Esse é o assunto principal do filme: a comunicação. Como ela acontece, a tecnologia por trás, a evolução da linguagem humana, entre outros.
Veja que o nome, a história e o assunto do filme parecem não ter ligação entre si, mas são essenciais na construção dessa produção. Quando juntamos essas três características conseguimos, além das questões formuladas, pensar em outras, como o limite da linguagem, que é um assunto muito discutido pela filosofia. A partir daí, todo questionamento que seguir de maneira sistemática, buscando responder se existe um limite para a linguagem, qual seria ele entre outras questões, será um conhecimento filosófico, ou seja, conhecimento produzido através do movimento da filosofia, que é justamente o movimento que se faz em busca do conhecimento.
Então, parafraseando Heráclito “tudo está cheio de filosofia”.
(Esse texto é de Eliza Menezes e foi publicado originalmente em edições impressas e no site do Jornal Roraima em Tempo)
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