Libertação
Sentada
Quase deitada
Um pouco irritada
À beira da estrada
Parada
Eu contemplava
E desejava
Que a vida
Que diante
Dos meus olhos passava
Ficasse comigo
Ali, parada
Congelada
Pensando
E esperando
Que quem estivesse
Por mim passando
E me visse chorando
Me procurasse
De mim se aproximasse
Para que por mim se apaixonasse
E não mais me deixasse
Não me abandonasse
Não permitisse
Que ali triste
Eu ficasse
E me levasse dali
Para que assim
Eu tentasse
Ser feliz
Num lugar bonito
Longe da estrada
Afastada da beira
Para que não mais sentada
Não mais calada
Contemplasse de longe
A velha estrada
E para que eu visse
Do meu quarto
O feliz ocaso
E que quando
O crepúsculo descesse
E o dia partisse
Que sobre mim caísse
A beleza do findo dia
Com a leveza da noite
E que ao convite da Lua
Possa ir para rua
Cantar como os pássaros
E que eu visse
O lindo brilho
Dos passos
Por ela deixados
Na porta da capela
Quando a procura estava
De um lindo anoitecer
E para que seu brilho
Iluminasse meu ser
Me fazendo perder
A vontade de morrer
E que eu desejasse
Apenas viver
Mesmo que fosse ali
Parada
À beira da estrada
Ou pensando
Em alguém
Que voando
Me desse o amor
Aquecesse-me com calor
Abraçasse-me com fervor
Suficientemente necessário
Para me fazer acordar
E me ajudar a me libertar
Para que dali eu partisse
E mesmo que eu caísse
Me levantar eu pudesse
Para que aprender eu viesse
Longe dali a viver
Mesmo sem um lugar
Firme para dormir
Que eu pudesse prosseguir
Ou ainda quem sabe
Mesmo que seja aqui
Ser feliz
Desde que o alguém
Que me ajudou a sair
Seja você
E que ao sonhar e
Em paz dormir
Esteja eu feliz
Por você pensar em mim
Poema de Eliza Menezes
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